A Experiência do Tempo
Você está sentindo que o tempo está voando? Que o ano já passou? Hoje falamos que o tempo é medidas. Dias, horas, minutos. Antigamente, quando ainda não existiam relógios, o tempo era definido pelos ciclos e pelos eventos, é noite então é hora de dormir, tem fome, então é hora de comer. Os momentos criavam o tempo, hoje o relógio cria os momentos. As horas nos dizem o que fazer. O tempo hoje é uma sucessão perceptiva cronológica linear, uma tentativa de mensurar o que acontece entre o nascimento e a morte, mas não é através de horas que mesuramos nossa existência na nossa mente. Aqui o tempo é experienciado de forma subjetiva e nem sempre corresponde ao que lemos no relógio ou calendário. Um almoço de 1 hora com um amigo passa num piscar de olhos, enquanto a espera de 1 hora por um ônibus atrasado pode parecer interminável, a duração cronológica é idêntica, mas o que está acontecendo é percebido totalmente diferente. Uma das formas que nossa mente qualifica o tempo é a partir da formação de memórias. Quando viajamos por uma semana para um novo lugar, o tempo voa, porque tudo é novo, mas quando chegamos em casa e olhamos para trás, tem tantas memórias novas que parece que estivemos fora por meses. Já na quarentena em que os dias são parecidos, uma mesma rotina com poucas memórias novas, traz a sensação de o tempo estar rápido demais quando olhamos para a semana que passou. Nossa experiência é tangibilizada pela nossa percepção mental, cada um tem uma experiência de tempo diferente, relacionada a suas memórias, interpretações, sensações e mudanças. Nossa existência acontece num tempo e espaço. Como preenchemos o espaço e como mudamos dentro deste espaço ( tempo) qualificam nossa vida. A Fenomenologia, o estuda o estuda as estruturas da experiência consciente vivenciada do ponto de vista da primeira pessoa, junto com as condições relevantes da experiência. Assim, o tempo fenomenológico é o que experienciamos e não os seus ponteiros. Então se o tempo é um fenómeno, onde encontramos o fenomenal? Segundo a mitologia grega, existe um Chronos e um Kairós. Chronos a linha de tempo, a interpretação linear de mudanças. Kairós a oportunidade de mudar. Só há um tempo em que a oportunidade, a experiência e a mudança acontecem: Agora. Todos os outros tempos são criações da nossa mente sob os ponteiros de um relógio. E se o tempo é a experiência consciencial da mudança, um fenômeno que acontece agora em mim, então este deixa de ser uma linha, para ser ritmo e pulsação. Como dizia Rubem Alves: O tempo pode ser medido com as batidas de um relógio ou pode ser medido com as batidas do coração. O nosso convite hoje é que reconheça que o tempo do relógio só faz sentido se na nossa jornada serve à pulsação do tempo do coração.
Com amor,
Simrat