Como é meditar?
Ao se propor meditar, você se senta, concentra-se na sua respiração, foca no presente, mas, de repente, surge aquele pensamento que relembra algo que está pendente. Um e-mail não respondido, uma lista de compras que ficou por ser feita, uma tarefa adiada.
Nisso, você está presente fisicamente, mas sua mente não está aqui. Ela está em um futuro que ainda não existe, confabulando todas as possibilidades, elaborando as estratégias, construindo o momento que há de vir.
A distração é uma das principais barreiras para quem está começando no processo meditativo. Dependendo do atribulado período da vida em que nos encontramos, é natural que esse ir e vir de pensamentos ocorra.
O que buscamos na meditação não é a ausência do pensar, mas a capacidade de auto-observação, de reconhecer as ondas do pensamento e voltar a sustentar a sua presença, mesmo quando algo lhe distanciar do agora. O nosso objetivo é cada vez mais estarmos conscientes que estamos sentados na plataforma, contemplando os trens que passam, e este é o lugar que nós estamos aqui para estar. Permita-se vivenciar este momento.
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Em qual trem você deseja embarcar?
Você está sentado na plataforma. O trem chega à estação e abre a porta. Você vai entrar se considerar que tem algum lugar pra ir.
Mas e se ficar na plataforma é justamente o lugar onde você deveria estar?
O pensamento é como um trem que chega e abre as portas. É preciso entender o porquê se embarca ou não. Qual é o lugar, a identificação, a necessidade ou o apego que estimulam que você vá para longe do agora?
A distração faz parte do processo de aprender a meditar. Acolha este momento e não resista aos pensamentos que vêm.
Ao reconhecer que se distraiu, busque voltar a sustentar a sua presença no aqui e agora, criando um espaço em que receba esses pensamentos e deixe-os passarem por você.
Lembre-se: na meditação, o seu destino é sentar na plataforma, não há lugar para chegar. Esta é a estação da sua experiência.
Qual a diferença entre meditação e sustentação do campo meditativo?
É comum associar a meditação a estar sentado, de olhos fechados, em silêncio ou entoando algum mantra. Contudo, acessar e sustentar o campo meditativo vai bem além disso.
Ao trazer os sentidos para dentro, começamos a perceber uma sensação de que estamos em um espaço interno. Dentro desse espaço, eu sinto, reconheço, visualizo, respiro; eu habito esse lugar. Quanto mais presente e reconhecível se torna esse espaço, mais simples é sustentá-lo.
Por outro lado, quanto mais projetamos a meditação como algo que está acontecendo externamente, ou quando a mente tenta entender a meditação, acabamos nos afastando do campo meditativo. E, então, uma simples distração é capaz de nos retirar deste espaço.
As nossas sensações e o nosso campo sensitivo são muito importantes para que reconheçamos esse espaço e tenhamos a capacidade de sustentá-lo. Ao longo da prática, aprendemos a identificar o que nos permite chegar neste lugar e a preenchê-lo com a nossa presença. Distinga o que você está sentindo e perceba quais dessas sensações são recorrentes.
A partir disso, seu coração se acalma e esse espaço vai ficando cada vez mais presente, mais amigo. Cada vez mais você vai querer estar junto dele e conhecê-lo intimamente. Assim, torna-se cada vez mais fácil entrar em meditação.
Conheça algumas técnicas que podem facilitar a sustentação do espaço meditativo:
Observe seus pensamentos e o que você está sentindo, como se fossem ondas que vão e vêm.
Imagine que há um fio que está ligando-o à terra e ao céu. O espaço é o contorno ao redor da presença.
Respire de forma consciente, controlando as inspirações e exalações. Sinta o ar preencher todo o seu pulmão, desde o abdômen até o peito. Solte o ar trazendo o seu umbigo para dentro.
Entoe mantras. A configuração específica dos sons e vibrações de cada mantra é capaz de direcionar e trazer a mente para o agora.
Foque no ponto entre suas sobrancelhas. O sexto chakra, também conhecido como terceiro olho, tem uma capacidade projetiva e traz foco e concentração.