AdoleSER: lidando com o desafio da saúde mental
Os adolescentes e jovens de hoje são os mais ansiosos de todos os tempos, de acordo com pesquisas de saúde mental. Eles próprios admitem: uma pesquisa do Pew Research Center revelou que 70% dos adolescentes dizem que a ansiedade e a depressão são um “grande problema” entre seus colegas.
Em 2019, o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) informou que a percentagem de estudantes do ensino secundário com sentimentos persistentes de tristeza ou desesperança era de quase 40%, acima dos 26% em 2009. Quase 20% dos estudantes em 2019 tinham considerado seriamente o suicídio. Dois anos depois, em 2021, 44% dos estudantes do ensino secundário sentiam-se tristes ou sem esperança.
O suicídio é hoje a segunda principal causa de morte entre crianças de 10 a 14 anos nos Estados Unidos. No Brasil, cerca de mil crianças e adolescentes, entre 10 e 19 anos, cometem suicídio a cada ano, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Diante deste cenário, o que pais, educadores e toda sociedade podem fazer para efetivamente dar um suporte emocional e cuidar da saúde mental de crianças e jovens? Essa é uma das inquietações que motivaram o Instituto Medicina da Consciência a criar o projeto AdoleSER.
Capacitamos educadores, por meio de técnicas integrativas de meditação e respiração para autorregulação psicoemocional no ambiente educacional, para apoiarem os jovens em momentos desafiadores. Também criamos vivências e oficinas para ensinar essas ferramentas para os adolescentes.
O papel dos educadores no apoio à saúde mental dos alunos
Cada aluno é único e o que funciona para um pode não funcionar para outro. As necessidades de saúde mental também podem mudar ao longo do tempo, exigindo mais ou menos apoio. Mas, de modo geral, todos os estudantes — e também os próprios professores — podem se beneficiar do uso de técnicas de respiração consciente para equilibrar suas emoções, lidar com o estresse e a ansiedade.
Em parceria com a SER Cidadão, o Instituto Medicina da Consciência desenvolveu workshops de capacitação dos educadores. Entre os inscritos, mais de 60% não tinham experiência em práticas de respiração e meditação no cotidiano. Ao serem perguntados sobre a realidade dos ambientes que atuam, 70% dos inscritos relatam ter experienciado situações que se relacionam a saúde mental nos ambientes educacionais.
Após conhecerem o embasamento científico por trás das técnicas e como efetivamente colocá-las em prática, os educadores da SER Cidadão compartilharam suas percepções:
“Fico aflito de ver os educandos ansiosos nos períodos que antecedem as provas. Hoje sinto que estou mais preparado para auxiliá-los a passarem por esses momentos de tensão e, também, me senti motivado a adotar essas práticas no meu dia a dia.”
“Foi interessante perceber que o exercício de só respirar pode contribuir para uma noite de sono de qualidade. E a insônia é uma das coisas que mais me afeta e foi ótimo saber que posso alcançar um relaxamento sem medicação e só com autoconhecimento.”
“Além aprendermos técnicas que podem ser utilizadas no cotidiano com os alunos, aprendemos a importância do cuidado com a nossa própria saúde”.
Técnicas de relaxamento: o controle da respiração ajuda a reduzir o estresse
Não podemos evitar todas as fontes de estresse em nossas vidas, nem seria saudável fazer isso. Mas podemos desenvolver formas mais saudáveis de responder a elas. Uma maneira é invocar a “resposta de relaxamento”, um estado de descanso profundo que pode ser obtido de várias maneiras, incluindo meditação, Yoga e relaxamento muscular progressivo. O foco na respiração é uma característica comum de diversas técnicas.
A respiração profunda também é conhecida pelos nomes de respiração diafragmática, respiração abdominal, respiração abdominal e respiração estimulada. Quando você respira profundamente, o ar que entra pelo nariz enche totalmente os pulmões e a parte inferior da barriga sobe.
Para muitos de nós, a respiração profunda não parece natural, pois nos acostumamos a respirar com o peito, ao invés de expandir o abdômen. Porém, a respiração superficial limita a amplitude de movimento do diafragma. A parte mais baixa dos pulmões não recebe toda a quantidade de ar oxigenado. Isso pode fazer você sentir falta de ar e ansiedade.
A respiração abdominal profunda estimula a troca completa de oxigênio – isto é, a troca benéfica do oxigênio que entra pelo dióxido de carbono que sai. Por isso, também deixa os batimentos cardíacos mais lentos e diminui ou estabiliza a pressão arterial.
Os impactos do bem-estar social na saúde mental dos jovens
O bem-estar social está profundamente ligado à construção de redes de apoio e conexões interpessoais. Jovens que se sentem integrados em suas comunidades, escolas e grupos sociais têm maior probabilidade de experimentar níveis mais baixos de solidão e isolamento, fatores de risco significativos para problemas de saúde mental. Essa integração social contribui para um senso de pertencimento e apoio emocional.
Joseph Allen , professor de psicologia da Universidade da Virgínia, acompanhou por 25 anos 184 jovens de 13 anos em Charlottesville, Virgínia. O Projeto Connection, desenvolvido por ele, buscava facilitar transições difíceis de desenvolvimento, como a do ensino médio para a faculdade, e orientar os alunos na formação de amizades autênticas e significativas.
O projeto consiste em reuniões semanais semestrais com cerca de oito a 10 alunos. Ao longo dos anos, notou-se que amizades profundas e precoces aumentaram o sentimento de pertencimento do adolescente e reduziram a solidão e a depressão, tanto no ensino médio, na faculdade e além.
Portanto, políticas que promovem a inclusão social, oportunidades de participação comunitária e acesso a grupos de apoio são fundamentais para fortalecer a resiliência emocional dos jovens. Além disso, ao investir em projetos que ensinam habilidades de comunicação e relacionamento, podemos fortalecer ainda mais a capacidade dos jovens de construir relacionamentos saudáveis e desenvolver uma rede de apoio sólida, contribuindo positivamente para sua saúde mental.
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