Criatividade é progresso e processo
Quem nunca achou que criatividade remetia a algo grandioso, um dom da mente de artistas geniais? Mas estamos aqui falando da criatividade essencial: a habilidade de sermos nós mesmos. Quando falamos de criatividade, falamos de autenticidade.
A grande questão é que, muitas das vezes, há uma desconexão que nos impede de expressarmos quem somos. Essa é uma das maiores barreiras quando falamos de bloqueio do fluxo criativo, pois coíbe o reconhecimento de quem se é e, consequentemente, inibe a abertura para a expressão.
Além disso, há uma série de mitos que cercam a questão da criatividade, como a ideia de que algo criativo é necessariamente algo original ou, ainda, que a criatividade é um fluxo contínuo e de fácil acesso. Por isso, desmistificamos quatro aspectos sobre a criatividade que podem estar contraindo o seu potencial criativo:
Somos seres criativos por essência
A criatividade é como a respiração. Um fluxo em que se inspira, integra, transforma, e exala, expressa, entrega. O primeiro passo para soltar a criatividade é entender que somos seres criativos por essência. No momento em que nos manifestamos, nos manifestamos no fluxo da criatividade.
Criatividade é poder ser quem você é
Criatividade é presença, habilidade e abertura para que possamos ser quem somos. Desapegue da ideia de que criatividade é uma habilidade, algo que alguns possuem e outros não.
Perfeição e criatividade não andam juntas
O medo e a insegurança são grandes bloqueadores do fluxo criativo. Uma mente que está se configurando no controle tem uma tendência a buscar a perfeição. Por querer que tudo seja perfeito, acabamos desenvolvendo um receio de nos expressarmos. É preciso entender que criatividade é um processo contínuo de aprendizado e aperfeiçoamento. A imperfeição é linda, pois é parte desta edificação que está sendo construída.
Criar não é um processo fácil
A criatividade é como uma gestação. É um processo que tem um semear, um desenvolvimento, um parir, até colocar algo novo no mundo. A criatividade é um espaço aberto, tem força, tem movimento, fluxo, contração e expansão. Sempre surge o novo com ela.
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Criatividade é sobre a essência que lhe constitui e as formas que vem adotando para expressar o seu ser
A criatividade é um encontro com o mistério. Um horizonte desconhecido. Um campo de potencialidade que floresce sem que se tenha controle sobre ele. Quando falamos de criatividade, falamos de entrega ao mistério.
Antes de criador do novo, sou artista da minha própria vida. E um dos grandes desafios para a arte de ser quem sou é entender que cada experiência que tenho é única, pois está acontecendo dentro de mim e, portanto, é algo autêntico.
É a entrega para o mistério que traz esse fluxo. O novo está sendo criado, mesmo sem que saibamos o que está sendo originado. Podemos até ter uma intuição, mas não há como sabermos exatamente o que é isso que está se manifestando.
Pense no que é o número zero. Costumamos olhar para ele como algo insignificante, vazio. Contudo, o zero é, por si só, é uma manifestação criativa que temos para expressar o espaço que é o nada, mas tem o potencial de ser tudo.
Essa é a gênese da criatividade, o reconhecimento de uma essência ainda sem forma. Pois, quando damos forma, criamos limitações, contornos. Quando falamos de criatividade como um processo, entendemos que ela é uma essência e, a partir dessa essência, conferimos a forma desejada.
O que buscamos é a essência. Mas para acessá-la, por vezes, precisamos desconstruir a forma. Quem eu sou é quem eu estou sendo. Como manifestação criativa dentro do ser humano que sou, sou processo. Estou em construção.
Um processo é algo que reconheço como essência e, dessa essência, dou forma. Se ainda não há forma, como criar um novo formato que representa essa essência?
O que as formigas podem nos ensinar sobre ser e criar?
Pense na organização de um grande formigueiro. Enquanto a formiga rainha perpetua a vida ao colocar novos ovos, há uma formiga operária que busca folhas, há outra que picota e há, ainda, aquela que cuida da colônia. Para que tudo funcione sistematicamente, cada figura tem um papel fundamental no funcionamento daquela sociedade.
Enquanto seres criativos por essência, também somos parte de um grande formigueiro. Tem aqueles que são ótimos captadores de ideias e aqueles que são muito bons executores. Você pode ser planejador, executor, analista ou comunicador de novas ideias, mas não precisa assumir todos os papéis.
Reconhecer o seu potencial significa evitar o conflito interno de querer ser bom em tudo. Ver que sua criatividade se expressa muito dentro de um espaço é propulsor da sua essência e, ao mesmo tempo, algo necessário sistemicamente. Ao entendermos que não há um agente que faz tudo, percebemos que o fluxo criativo é como uma mola que propulsiona a todos.
A criatividade é um processo de transformação e está a serviço da nossa evolução. Estamos reverberando a transformação individual e coletiva, afinal uma não existe sem a outra. Todos nós estamos aqui em um trabalho de parto coletivo para o novo surgir.
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Diversidade e colaboração impulsionam a criatividade
Enquanto seres humanos, somos energia, consciência, e estamos acessando esse espaço de forma sistêmica. Somos feitos do todo e somos parte do todo. Estamos nos entrelaçando, nos conectando à vida, em todas as esferas, a partir desses espaços que estamos construindo.
Assim como o ar que inalamos, a criatividade é uma substância que flui constantemente, constitui-nos e é essencial para a vida. Ao mesmo tempo, é uma manifestação coletiva.
É preciso desapegar da ideia de que a criatividade é algo solitário. A colaboração permite uma construção mais forte e harmônica, potencializando o que há de melhor em cada um de nós.
Ambientes heterogêneos são mais propícios para uma cultura compartilhada de conhecimento e criatividade, onde discussões e debates são comuns. Há uma coragem a ser habitada. Ser vulnerável para errar e passar pelo processo. Assumir riscos e errar acontece – e a falha por si só não pode ser considerada um problema.
Com amor,
Medicina da Consciência
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