A disciplina é uma forma de liberdade
Ao assumir um compromisso comigo mesma, abro espaço para troca, aprendizado, autoestudo. Assim proporciono o espaço para a minha liberdade expandir.
Liberdade é esse espaço em que eu sou livre para ser eu mesma.
Ora, o que afasta a possibilidade de eu ser eu mesma? As amarras e as contrações daquilo que diz que eu não sou.
Ora, e quem diz que eu não sou? A minha mente, as minhas distorções, as minhas narrativas.
O que me afasta da minha liberdade, de reconhecer quem eu sou, sou eu mesma. Somos nós, nós mesmos, que criamos nossas amarras.
E quando nós falamos de compromisso com nós mesmos, nós estamos reconhecendo a disciplina como a ferramenta necessária para que nós possamos nos libertar. É a partir da disciplina que eu alcanço a prática, e, a partir da prática, eu me transformo.
Nós nos reconhecemos pela experiência, mas nós nos transformamos pela consistência da prática.
É importante o reconhecimento da experiência que está acontecendo a cada instante. Mas é essencial a consistência e a sustentação destes momentos para que eu possa ter a reprogramação e a transformação necessárias para me libertar das amarras que me prendem.
A disciplina no caminho da espiritualidade
Quando nós falamos em disciplina, na nossa jornada de aprimoramento e de conexão espiritual, estamos falando da sustentação destes momentos em que eu vibro a minha essência. Da prática que, não necessariamente, mas muitas vezes é desconfortável, porque ela traz o desafio de me desapegar de padrões. Mas é justamente aquilo que eu preciso e reconheço.
Com os ensinamentos milenares, aprendemos que o auto-compromisso nos dá a possibilidade de acessar a liberdade. Para isso, é preciso disciplina e consistência. Nós nos reconhecemos pela experiência, mas apenas nos transformamos pela consistência da prática.
E como é para você firmar um compromisso consigo? Sente que é mais fácil assumir um compromisso com o outro do que com você mesmo?
O que faz com que isso aconteça? O que está entre você e a disciplina?
Conecte-se com a Medicina da Consciência. De mãos dadas, construiremos a disciplina, a motivação e a profundidade necessárias para que a jornada de transformação e expansão da consciência aconteça.
Confira nosso podcast especial sobre Disciplina e Autocompromisso:
Se você prefere ler, confira a transcrição do episódio:
Samskara
Quando nós falamos de amarras, há uma palavra em sânscrito muito interessante, que nos ajuda a entender: samskara.
Samskara significa padrões. Samskara significa impressões em sânscrito. E samskara é essa identificação tão permeada, a forma que a gente se vê, que traduz quem somos. É a forma que nós assumimos como sendo nós.
Então, samskara, é também, esse espaço em que muitas vezes, quando vemos, estamos totalmente entrelaçados nessa identificação de nós mesmos. Samskara são nossas narrativas, samskara são nossos padrões. Samskara traz pra nós um sentimento e uma presença que parece que nós estamos nos movendo, mas nós estamos em uma inércia, nós estamos vivendo mais do mesmo, porque nós estamos presos a essas limitações, de formas que a nossa mente diz que somos.
E quando nós olhamos pro nosso caminho e a nossa jornada de aprimoramento e transformação, nós estamos falando em reconhecermos nossos samskara, aquelas limitações, aquelas formas limitantes que assumimos. E saímos da inércia delas.
Ora, mas então como nós saímos da inércia de um samskara, esse espaço que diz quem somos, pelas formas limitantes que eu assumi e me identifiquei?
Pela disciplina.
De uma prática consistente, em que eu vibro a experiência de quem eu sou, em essência. Quando nós falamos então, em disciplina, na nossa jornada de aprimoramento, e de conexão espiritual, nós estamos então falando da sustentação destes momentos em que eu vibro essa essência. Da prática que muitas vezes, não necessariamente, é uma prática leve e confortável, porque ela está justamente trazendo o desafio de me libertar desses padrões e desse samskara. Mas é justamente aquilo que eu preciso e reconheço que é necessário passar. Para que haja libertação daquilo que me prende.
Yoga sutras de Patanjali
Como sair da inércia dos samskara que eu mesmo criei dentro da minha mente? Com auto compromisso. Mas quando nós falamos em auto compromisso, é necessário nós reconhecermos algo. Algo muito importante, e que os antigos sábios chamavam de tapes. Quando nós vamos pra um conhecimento do yoga, e dos ensinamentos milenares do yoga, que são os yoga sutras de Patanjali.
Patanjali descreve como alcançar a felicidade. Dentro de oito movimentos e qualidades, disposições, que nós nos colocamos. E os primeiros dois movimentos do yoga, que são necessárias pra essa felicidade, pra esse encontro comigo mesmo, porque quando a gente fala de felicidade no yoga, significa autorrealização, autoconhecimento, autoaprimoramento. Os dois primeiros se chamam, yama e niyama.
Os yamas são os princípios de auto compromisso, de auto comando em relação ao meio.
Ahimsa, o princípio da não violência.
Satya, o princípio de viver em verdade, de ser verdadeiro, com o outro, com o meio, de ser transparente.
Asteya, o princípio de não roubar. E quando nós falamos de roubar, nós estamos falando não de pegar algo, mas em reconhecer que no momento que eu me separo do outro, e que eu, de alguma forma, desejo algo que o outro tem, não vejo o sucesso ou felicidade do outro como meu também, eu posso estar roubando, eu posso estar vivendo separado.
Brahmacarya, moderação, o princípio da moderação, de energia.
Aparigraha, o princípio do desapego.
Esses princípios sustentam um auto compromisso com a minha essência, em relação ao meio em que eu vivo. E, também, dentro desse espaço, os niyamas, que são os princípios de auto compromisso, de auto comando, em relação a mim mesmo, eu comigo mesmo. E aqui que eu queria entrar com vocês.
Dentro desses niyamas, que são esses princípios em relação a eu mesmo, como viver num espaço de verdade e compromisso. Shaucha, pureza. Samtosha, contentamento. Tapas, disciplina. Svadhyaya, auto estudo. Ishvara Pranidhana, a devoção a algo que é maior que eu.
Tapas é a capacidade e é o compromisso de eu sustentar uma disciplina, mas mais que isso, tapas é o combustível, que eu encontro em mim, a motivação, a determinação pra que eu continue praticando.
A determinação, tapas, o autoestudo e a devoção a algo maior que eu. Que esses princípios sustentem a nossa jornada desse mês. E que nós agora, encontremos esse espaço em nós, que é o combustível, a motivação pra que eu continue.
Então faça essa pergunta. Escreva agora ou mentalize agora. O que te motiva a estar aqui, agora? Traga pra você essa motivação. Traga pra você esse fogo que faz claridade pra que você continue. E dentro dessa ligação, estabeleça agora esse compromisso com você. Esse compromisso que você assume e que diz “sim”.
É muito importante nós reconhecermos em que etapas, nesse processo de autodisciplina, de auto compromisso, tem um lugar de aceitação. Tem um lugar que eu aceito. Aceito o entregar. Pra esse processo. Eu aceito.
Porque quando, em algum momento, a minha mente diz não, é porque em algum lugar em mim ainda há resistência, ainda há dúvida, ainda há questionamentos sobre. Será que é bom pra mim? Será que é por aqui que quero ir? Então faça essa reflexão agora.
É aqui que você quer estar? Então assuma, assuma aqui e agora. E aceite. Aceite a jornada que virá. Inclusive, os desafios dessa jornada. Aceite os desafios da jornada. Porque para a nossa transformação, é necessário a prática. A repetição. Eu praticar, e praticar, e praticar. Por quê? Porque eu tenho uma mente. E a minha mente só modifica padrões, ela modifica nossos samskaras, no momento em que ela reaprende o novo. E pra ela reaprender o novo, é necessário uma reprogramação. E qualquer reprogramação na nossa mente, é necessária, com que eu pratique esse novo. Com que eu repita esse novo.
Então aqui, nesse momento juntos, nós assumimos o compromisso diário, de sustentarmos o nosso momento de conexão conosco, esse momento em que eu pratico uma autodisciplina e um auto compromisso comigo mesma através da meditação, através do meu diário, como nós já falamos, através desse espaço em que eu respiro, eu respiro, em devoção, a isso que é maior que eu.
Shaucha, a pureza, eu sustentar esse espaço, em que eu vibro, essa essência, que eu escuto.
Samtosha, reconhecer em mim que há um contentamento, e sustentar e abrir espaços cada vez mais no meu dia pra isso.
Tapas, a determinação e a força que me motiva a vibrar a vontade da alma. É o fogo e o combustível da vontade da minha alma. Que eu me conecte todos os dias a essa força. Que nos meus momentos de conexão, eu entre em contato com tapas e reconheça essa força da vontade da minha alma de estar aqui em transformação.
Svadhyaya, que eu pratique o auto estudo, a auto-observação. Que eu esteja comigo mesma no espaço de presença que eu aprendo, que eu descubro e que eu revelo.
Ishvara Pranidhana, que a devoção a esse estado maior que eu sou se encontre presente em mim nos meus momentos de conexão diários, que eu reconheça que eu sou essa vibração expansiva, mas que eu experiencio através de um corpo e de uma vida.